De meados do mês de dezembro de 2021 até o mês passado, os pibidianos responsáveis pela Oficinas no CEM Florêncio Aires, juntamente com a Professora Supervisora Gracivânia Gomes produziram uma nova Sequência Didática(SD) para os alunos do CEM. Dessa vez, o gênero textual a ser trabalhado foi a História em Quadrinho (HQ). A HQ é um gênero textual HQ é o nome dado ao gênero textual que corresponde às narrativas através de quadros sequenciais contendo ilustrações e textos escritos dispostos em balões, caracterizando-se, portanto, pela predominância da linguagem visual como recurso comunicativo. Nas HQs, as cenas individuais são postas em sequência para construir-se um movimento narrativo. Assim, essas histórias possuem os fundamentos básicos das narrativas: enredo, personagens, tempo, lugar e narrador, expressos por meio da linguagem verbal e não verbal (respectivamente, texto escrito e elementos gráficos), que se completam na produção de sentido da narrativa.
Os recursos gráficos nesse gênero podem ser os balões, que indicam as falas dos personagens; as fontes das letras, em formatos diferenciados; os sinais de pontuação; as expressões dos personagens; e as onomatopéias (palavras que tentam reproduzir os sons). Todos esses elementos ocorrem para promover a interação com o leitor e a sua adesão à narrativa. Além disso, por contraporem elementos gráficos e textuais, o gênero HQ é considerado uma forma artística que não é propriamente a ilustrativa/visual e nem a literatura, mas um pouco dos dois. Vale lembrar aqui que, de acordo com a BNCC (2018), as Artes se encaixam na área de Linguagem, assim como na de Língua Portuguesa (LP). Assim, a HQ promove o diálogo entre essas subáreas da Linguagem, consagrando-se como um importante gênero de estudo para a Educação Básica, seja para o letramento em Artes, como em LP. Por esse motivo, considera-se de suma importância trazer a HQ para as SDs em LP como forma de ampliar o conhecimento discursivo dos alunos de todo o ensino.
Nesse sentido, destaca-se que o trabalho com HQ propõe o estudo dos diversos recursos linguísticos utilizados nos representantes do gênero, bem como seus recursos gráficos e visuais (recursos multissemióticos) e, portanto, maximiza as possibilidades das práticas de multiletramento do aluno. Também se apresenta como justificativa o diálogo já existente entre os jovens e o gênero em questão, sendo que este é muito presente na realidade dos alunos, tornando-se uma ponte, um estímulo para os multiletramentos em LP . Por ser um gênero informal, e estar disposto em veículos acessíveis como a internet, revistas e jornais (os suportes mais usados para a publicação das histórias em quadrinhos são os jornais, as revistas e os gibis), infere-se que a maior parte dos alunos da faixa etária mencionadas já tenham tido pelo menos algum contato com as HQs. Assim, a familiaridade com o gênero torna-se uma mola propulsora para o estudo dos elementos contidos na HQ (já mencionados) e aumento do conhecimento textual dos estudantes.
Além disso, a informalidade verbal do gênero, como uso de gírias e terminologias populares, bem como as diversas formas de pontuação e onomatopéias proporcionam aos alunos o estudo das variedades sociolinguísticas da LP e a contextualização dessas formas. Esses aspectos do estudo compactuam com a perspectiva sociointeracionista de língua, e serão aqui abordados. Dessa forma, a exploração dos recursos verbais e não verbais, visando o estudo multissemiótico dos quadrinhos, os efeitos de sentido gerado, suas variações linguísticas, bem como o estímulo a capacidade de apreciação, leitura e produção de HQ se configuram como os objetivos de aprendizagem aqui propostos. Sobre a metodologia expressa na SD, é importante mencionar que a proposta segue as considerações da BNCC (2018) para LP, sobre letramento através de gêneros textuais, estabelecimento de habilidades e competências, bem como o modelo proposto por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) para SDs.
Assim, o trabalho dos pibidianos dividiu-se em 5 etapas, sendo cada etapa uma oficina de 2h de duração e que correponde a uma proposta de estudo sobre os elementos da HQ: características gerais do gênero HQ; recursos gráficos (análise semiótica), análise linguística (textual); e sequência narrativa. Nessas etapas, o intuito é trabalhar com textos bases (HQs) de diversos autores, como Maurício de Souza (Turma da Mônica), Ziraldo ( Turma do Pererê), Jim Davis (Garfield). Também se incluiram na SD duas propostas de produção: a final e a inicial, que visam respectivamente: a textualização de uma HQ já pronta (com os balões em branco), e a produção completa de uma HQ por parte dos estudantes. A última etapa da oficina foi reservada para a digitalização dessas produções.
O ciclo de oficina já está sendo ministrado aos alunos de 8o e 9o ano do Ensino Fundamental do CEM, durará até o mês de abril de 2022, e se configura como valiosa uma oportunidade de aprendizagem para os estudantes da escola e também para os pibidianos.
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