Por: Gisele Bento
Hoje, em meio a correria deste mundo, me pego cercada com meus pensamentos que me fazem voltar a minha infância. Minha história começa nos anos 90 quando a minha mãe me deu a luz aos treze anos de idade. Eu era uma criança linda e saudável— bom foi o que ela sempre me contou— , porém não recordo dessa fase.Tenho vagas lembranças do período de cinco aos seis anos: lembro-me que um dia minha mãe saiu para pegar buriti e me deixou sozinha em casa, moravamos em uma fazenda no interior de Natividade do Tocantins quando ela voltou, lá estava eu sentada no chão da cozinha com o corpo e cabelo todo molhado de óleo diesel, era o óleo que usávamos nas candeias para alumiar durante a noite, visto que naquela época não existia energia elétrica.
Minha infância não foi grandes maravilhas, aos 9 anos fui morar com a minha avó materna em uma fazenda vizinha onde morava com minha mãe. As coisas eram muito difíceis, éramos uma família muito humilde e dependia das plantações da roça. Por esse motivo, começamos a trabalhar muito cedo, eu, minha irmã que era um ano mais nova e, meus três tios, sendo duas mulheres e um homem.Todos tinham que ajudar a plantar e colher arroz, milho, abóbora, feijão entres outros. Eu e minha tia Josi sempre ficava com o trabalho mais pesado por ser as mais velhas, buscamos água na fonte, pegava lenha, e cuidava da casa.
Mesmo com muitas dificuldades encontrávamos sempre um tempinho para brincar de casinha, andar a cavalo, brincar de carrinho, tomar banho no córrego, pescar, tomar o leite quentinho no coral e subir nas árvores era a parte que eu mais amava fazer. Quando meus avós viajavam para a cidade sempre ficavamos sozinhos era aí que vinham as aventuras, uma vez que não retornavam em menos de três dias, eu sempre aparecia com ideias era uma mocinha terrível e abria o caminho para os outros, era tudo articulado preparavamos uma refeição logo pela manhã e saia para a fazenda vizinha onde tinham inúmeras barragens alguns com queda de água, pescavamos, tomávamos banho e voltava para casa somente no final do dia, era uma sensação maravilhosa ouvir a queda da água, os cantos dos passarinhos e araras. Foram várias aventuras como essa que guardávamos como grandes segredos.
Fui uma criança muito feliz apesar de uma história complicada e cheia de tarefas, pois era inocente e não preocupava com nada, tinha uma vida simples no campo um lugar lindo cercado de serras e cerrados, era algo encantador uma beleza natural e sem destruição que até hoje sinto saudades.
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